Apresentação

Quando minha Unidade foi criada/incorporada à Fiocruz? Qual sua missão e estrutura no momento inaugural? A que necessidade social/institucional sua criação atendeu? Houve alguma transformação nesse sentido ao longo do tempo? Que configurações institucionais já teve? Quem foram seus gestores? Quais são os projetos centrais e as transformações mais significativas na sua missão ao longo do tempo? Que desafios encontrou no caminho? Que lições foram tiradas desses acertos ou erros do passado? Como esses acontecimentos dialogam com o contexto interno e externo à instituição?

Essas são algumas das questões que a iniciativa Memória Administrativa da Fiocruz, promovida pelo Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD/COC), pretende auxiliar a responder. A partir da formação de uma rede de atores da Fiocruz para a criação e disponibilização de verbetes a respeito de suas respectivas Unidades, busca dar visibilidade a documentos e depoimentos que reflitam sobre decisões com impacto na identidade e trajetória administrativa da Fiocruz.

Nesta seção “Metodologia” apresentaremos as diretrizes, orientações metodológicas e responsabilidades para a produção e disponibilização de verbetes na base de dados Memória Administrativa da Fiocruz. Seu objetivo geral é orientar sobre a produção de verbetes sobre a trajetória administrativa da Fiocruz e de suas Unidades para disponibilização na base de dados “Memória Administrativa da Fiocruz”, promovendo a visibilidade e valorização de documentos e relatos que, reunidos intencionalmente, informam, fundamentam, contextualizam ou interpretam acontecimentos referentes às criações/modificações/extinções de estruturas, funções e ações ao longo de uma trajetória institucional.

O trabalho proposto com o memória administrativa pretende igualmente contribuir com outras ações de relevância institucional, tais quais:

–   Auxiliar no trabalho de organização de arquivos  institucionais, dado que o conhecimento da estrutura é o primeiro passo numa estratégia com esse fim;

–   Realizar diagnóstico a respeito da documentação institucional da Unidade, identificando possíveis lacunas de documentos centrais que reflitam sua trajetória, de modo a apoiar solicitação de investimentos às atividades de gestão de documentos em sua Unidade.

–   Estimular o desenvolvimento de pesquisas e produtos outros mais aprofundados a respeito da trajetória institucional a partir de sistematização de fontes sobre a instituição;

–   Promover maior visibilidade e reconhecimento de trabalhos feitos a respeito de temas institucionais;

–   Criar produtos de divulgação que promovam o reconhecimento e legitimidade pública da instituição e de seus colaboradores;

–   Apoiar a ambientação de novos profissionais, que podem encontrar em um mesmo local, de maneira simplificada, informações sobre a trajetória institucional;

–  Formar rede de profissionais com interesse em memória institucional, proporcionando a troca de experiências e o aprimoramento constante da metodologia e do ambiente de disponibilização dos verbetes;

As orientações aqui apresentadas têm como referência a metodologia conhecida como História Administrativa, notadamente tal como proposta pelo Arquivo Nacional (AN) em seu projeto Memória da Administração Pública Brasileira (MAPA). Este projeto, desenvolvido desde os anos 1981 no âmbito do AN, tem como foco ampliar o conhecimento sobre a organização e funcionamento da administração pública federal por meio de um registro padronizado de legislações em diversos momentos históricos. 

Aplicada à realidade da Fiocruz, a presente iniciativa pretende atualizar a importância estratégica da adequada composição de acervos institucionais, dado que identifica nos documentos arquivísticos fonte prioritária para a memória administrativa. Neste sentido, busca-se demonstrar como uma adequada gestão de documentos institucionais permite, entre outras coisas, a criação de produtos estratégicos para apoio aos desafios institucionais, tais como o aqui proposto.

Destaca-se no Memória Administrativa Fiocruz a dimensão da memória, com a inclusão não apenas de fontes oficiais, como legislações e documentos arquivísticos gerados no âmbito da atividade institucional, mas também outras fontes documentais e depoimentos de atores que participaram dos acontecimentos institucionais identificados. Reconhece nos indivíduos e grupos, portanto, importante papel para a conformação da memória institucional, dado que esta é composta também pela percepção daqueles que nela atuam, que com ela se relacionam ou que sobre ela refletem de alguma maneira. Entrevistas, matérias jornalísticas, livros, publicações e trabalhos acadêmicos são alguns dos elementos que passam a compor esse mosaico.

Outro pilar para o desenvolvimento da presente iniciativa foi a revisita a uma das primeiras ações desenvolvidas no âmbito da Casa de Oswaldo Cruz (COC), de pesquisa sobre a história administrativa da Fiocruz. Na época, a ideia era compreender a conformação da Fiocruz para permitir a organização da documentação que estava sendo tratada no âmbito do Departamento de Arquivo e Documentação (DAD) da COC. Este é, ainda hoje, um desafio, e neste sentido o trabalho aqui proposto pode auxiliar na criação destes instrumentos de apoio ao Arquivo Permanente da Fiocruz.

Proposta no âmbito do DAD/COC, a iniciativa alinha-se ainda aos princípios preconizado pela Política de Memória Institucional da Fiocruz, que demanda a elaboração e compartilhamento de métodos que auxiliem os Núcleos de Memória Institucional (NUMIs) das Unidades da Fiocruz no desenvolvimento de atividades relacionadas aos desejos de memória de suas instituições, de maneira articulada à referida política.