Linguagem markdown e HTML para formatação e edição de textos no AtoM

Se você já navegou na internet, certamente já se deparou com a palavra”HTML”. Mas o que exatamente isso significa? HTML é a sigla para HyperText Markup Language, ou Linguagem de Marcação de Hipertexto, em português. Em termos simples, é a linguagem que usamos para criar páginas da web. Pense no HTML como a estrutura básica de um site, o esqueleto que dá forma ao conteúdo que vemos online.

Já temos um post aqui no blog que fala mais sobre o AtoM, a base de descrição arquivística que utilizamos no Memória Administrativa. Essa base de dados permite que a customizemos de uma forma mais “amigável”, inserindo os códigos diretamente nos campos que estamos preenchendo. No começo, pode parecer um pouco complicado, mas, com o tempo, vamos pegando o jeito e explorando um pouco mais as possibilidades.

No AtoM, é possível formatar os textos também a partir da linguagem Markdown, uma linguagem de marcação simples, não tão complexa quanto o HTML. No entanto, essa linguagem, exatamente por ser mais simples, é também mais limitada.

Vamos começar por ela!

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Alguns exemplos da linguagem Markdown que mais utilizamos no Memória Administrativa:

    1. Para alterar o tamanho do texto:
  • #Título de nível 1
  • ##Título de nível 2
  • ###Título de nível 3

2. Para dar ênfase ao texto: 

  • _itálico_
  • **Negrito**

3. Para criar uma lista:

  • Não numerada: * Texto ou – Texto
  • Numerada: 1. Texto / 2. Texto /3. Texto etc.

4. Para inserir um link: [texto do link](link)

5. Para inserir imagens:  ![Texto](link da imagem)

6. Para inserir uma divisão: ——– [inserir o travessão sequencialmente]

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Agora, vamos complexificar um pouco!

Ainda é possível inserir alguns códigos HTML diretamente nos campos de preenchimento dos verbete no AtoM. Esses códigos são mais complexos, mas nos dão mais opções de formatação. As vezes, em textos longos (como aqueles que escrevemos em páginas estáticas), é mais fácil utilizar os códigos HTML, pois eles permitem uma maior organização do conteúdo que estamos escrevendo.

Códigos HTML que utilizamos no Memória Administrativa:

1. Negrito: <b>texto</b> ou <strong>texto</strong>

2. Itálico: <i>texto</i>

3. Sublinhado: <u>texto</u>

4. Para alterar o tamanho do texto:

    • Grande: <h1>texto</h1>
    • Médio: <h2>texto</h2>
    • Pequeno: <h3>texto</h3>
    • Os comandos podem ir até <h6>, sendo esse o menor tamanho.

5. Para criar um parágrafo: <p>texto</p>

6. Para inserir um link: <a href=“digite o endereço da Web aqui”>insira o texto âncora aqui</a>

    • Obs: Para inserir um link que abra em uma nova guia: <a href=”digite o endereço da web aqui” target=”_blank”>insira o texto âncora aqui</a>

7. Para centralizar o texto na página: <center>texto</center>

8. Para inserir uma imagem nos campos de preenchimento de verbete: <img src=”digite o endereço URL da imagem aqui” alt=”Nome da imagem”>

9. Para inserir uma citação em bloco: <blockquote>texto</blockquote>

10. Para alterar a cor de uma frase ou palavra: <span style=”color: red;”>Este texto está em vermelho.</span>

Pode parecer difícil, mas é só ter calma e organização!

Exemplo de como fica o preenchimento do campo para o editor.
Exemplo de como fica o texto e a página para o usuário final.

É importante ressaltar que, a depender da versão do AtoM, alguns desses códigos podem não funcionar de forma adequada, por isso é importante manter sua versão do AtoM sempre atualizada.

Até o próximo post! 🙂

 

A VIII Conferência Nacional de Saúde

Por Ricardo Augusto dos Santos

Público presente no Ginásio de Esportes de Brasília durante a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, em março de 1986. Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz.

Será difícil imaginar, mas até 1988, parcelas significativas da sociedade brasileira não possuíam nenhuma assistência médica pública. Mas, isso mudaria. Na segunda metade da década, correntes políticas de oposição à ditadura militar-civil se organizaram e, pela primeira vez na história republicana brasileira, a participação popular foi decisiva na elaboração de uma Constituição. Ideias e planos eram enviados à Assembleia Nacional Constituinte, produzindo uma experiência inédita: a presença popular efetiva na formulação de políticas. Por meio dos projetos, os cidadãos cooperaram na preparação da Carta Constitucional. Entretanto, antes da Assembleia que promulgou a Constituição Cidadã, um outro evento também contou com ampla expressão democrática. Quase uma Pré-Constituinte da saúde.

Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz. A VIII Conferência contou com a presença de mais de quatro mil pessoas.

A VIII Conferência Nacional de Saúde foi convocada pelo decreto 91.466, de 23 de julho de 1985, que marcou sua realização entre 2 e 6 de dezembro de 1985, em Brasília, sob o patrocínio do Ministério da Saúde. Entretanto, o decreto 91.874, de 4 de dezembro de 1985, transferiu o evento para o período de 17 a 21 de março de 1986.

Em 19 de agosto de 1985, o ministro da Saúde Carlos Sant’Anna formou a comissão organizadora da VIII Conferência, constituída por representantes de diversas associações, intelectuais, parlamentares e trabalhadores de saúde. Presidindo a comissão, o médico sanitarista Antônio Sérgio da Silva Arouca, presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Em novembro de 1985, o relatório da comissão determinou que a VIII CNS teria como propósito submeter orientações sobre saúde pública junto à Assembleia Nacional Constituinte.

Sessão solene da VIII Conferência Nacional de Saúde. Da esquerda para a direita, o ministro da Saúde, Roberto Figueira dos Santos, o presidente da República, José Sarney, e o presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Sérgio Arouca. Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz.

As sugestões da VIII Conferência podem ser agrupadas nos seguintes eixos: a saúde como direito inerente à cidadania; a reforma do sistema nacional de saúde, de acordo com os princípios de descentralização e universalização dos atendimentos; alteração das responsabilidades das unidades políticas (União, estados e municípios) na prestação dos serviços de saúde.

A principal conquista da VIII Conferência foi a elaboração do Sistema Único de Saúde. O SUS unificou as políticas governamentais, desvinculando a assistência médica do campo da previdência social, priorizando o setor público e universalizando o atendimento.

Conduzindo os trabalhos, da esquerda para a direita, Arlindo Fábio Gómez de Souza(1º), Sergio Arouca(3º), Ary Carvalho de Miranda(4º). Março de 1986. Brasília. Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz.

As propostas da VIII Conferência Nacional de Saúde foram aprovadas na Constituição de 1988. Todas as recomendações haviam sido fortemente debatidas em centenas de reuniões preparatórias realizadas nos estados e municípios. O Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz guarda a documentação da VIII CNS, com documentos textuais e iconográficos, além de fitas sonoras e de vídeo.

Também estão sob a guarda da COC, os documentos da Comissão Nacional da Reforma Sanitária que funcionou de agosto de 1986 a maio de 1987. Criada através de portaria interministerial, os ministros da Educação, da Saúde e da Previdência e Assistência Social, constituíram a Comissão Nacional da Reforma Sanitária (CNRS), uma das principais recomendações aprovadas pela plenária final da VIII Conferência Nacional de Saúde.

 

Retornando às origens: o Arquivo Intermediário e a Base Memória Administrativa

Antes de iniciarmos esse post, uma breve nota:

Documentos de Arquivo possuem 3 fases. São elas:  Corrente (ou primeira fase, fase de produção); a fase intermediária (constituída de documentos que não estão mais em uso corrente, ou seja, um arquivamento provisório até que seja dada a destinação do documento – eliminação ou Acervo Permanente) e, por último, a fase permanente (constituída de documentos oficiais, de uso não-corrente, devidamente organizados e conservados).

Agora, sim, ao relato arquivístico-pessoal-devaneio:

Acho que já mencionei outrora aqui no blog que, antes de tornar-me bolsista, era estagiário da instituição. Pois bem: cheguei, inicialmente, em meados de 2019 no Arquivo Intermediário. Minha primeira aventura.

Vindo das Ciências Sociais, precisei me organizar para compreender tudo aquilo que estava fazendo. Me joguei em leituras técnicas sobre Arquivo e, também, em textos que exploravam as interseções entre Arquivo e Ciências Sociais (que, a propósito, são muitas). Além disso, preciso dizer também que quase decorei inúmeros códigos da tabela de temporalidade de Documentos de Arquivo da Fundação. Com isso, acho que fui, aos poucos, desenvolvendo uma visão mais geral do Arquivo e percebendo quais eram as possibilidades ali. Hoje percebo que eu próprio era uma espécie de Arquivo Intermediário: um estagiário que ainda não sabia muito bem para onde estava indo, com um prazo máximo que não poderia ultrapassar 2 anos na instituição e com uma relação (ainda) transitória.

Pós pandemia e já realizando mestrado, retornei à Instituição e comecei a pesquisar o Arquivo Permanente (o Fundo COC, tema de outro post aqui do Blog). A equipe se dedicou à olhar todas as caixas que já haviam passado pelo processo de higienização e, após isso, fizemos a digitalização dos documentos de interesse para inseri-los na Base.

Terminada essa parte, retornei ao Arquivo Intermediário em busca de documentos que também seriam interessantes para a Base. E essa revisita, vale dizer, foi em vários aspectos: Retornei ao prédio da expansão, ao 6º andar (agora vazio, pois a mudança do Departamento já havia sido feita para o CDHS). Ouvi, novamente, o som do corredor (sim, o corredor do prédio, em virtude dos alarmes de incêndio, possui um som muito característico) e andei, novamente, nos elevadores que me faziam questionar todos os dias se não era melhor abandonar meu sedentarismo e optar por uma vida com hábitos mais saudáveis.

Vista do 6º andar do prédio da expansão. Fonte: Autor/2022.

E foi um feliz reencontro: deparei-me com documentos interessantes nas caixas do Arquivo Intermediário, inúmeros cartazes de eventos, uma caixa somente com Portarias e Atos da Presidência e, também, etiquetas com a minha letra e de uma amiga, há época, também estagiária. Inevitavelmente, deixamos nossa marca, e isso me fez refletir que o Arquivo, na medida em que é feito por pessoas (em todas as suas instâncias, desde sua produção até sua destinação) conta um pouco daqueles que por ali passaram.

Em algumas circunstâncias, encontramos documentos com anotações, juntos de determinados objetos (as vezes, um crachá, uma fotografia…). Esses elementos representam uma história daqueles que fizeram parte do processo. A própria forma como os documentos foram separados (apesar, evidentemente, do aspecto técnico que orienta essa organização), destaca um aspecto subjetivo do Arquivo: alguns documentos, claramente, parecem ter sido mais usados; alguns possuem a etiqueta de “urgente” (mesmo quando se tratando de distribuição de marmitas entre funcionários); alguns possuem desenhos (como uma flor, encontrada no meio de uma documento de reunião); alguns possuem frases soltas escritas à mão com conteúdos, aparentemente, não conectados com o texto do documento.

Através destes vestígios deixados no próprio Arquivo (lá vem a parte do devaneio…) podemos refletir sobre uma série de coisas: de que se tratava a reunião cuja flor foi desenhada? Era tédio ou um acesso de criatividade em meio as discussões? Sem falar em determinadas mensagens afetuosas escritas à mão em meio à documentos formais, demonstrando a síntese entre o racional e o emocional.

Crachá de evento realizado na Fiocruz para discutir reformas e modernização. Fonte: Acervo COC.

Os exemplos são muitos, e a conclusão é de que, como nos diz Fernando Pessoa, embora haja a organização prática, há que contar com o inesperado e o indefinido da vida, o lado subjetivo e abstrato próprio da mente humana que se manifesta na materialidade das coisas.

Até próxima postagem!

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Referências: PAES, Mariana Leite. Arquivo: teoria e prática. 4 Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

Seção “Memórias”: Os Encontros de História e Saúde

Por Ricardo Augusto dos Santos

Inaugurando um novo espaço de divulgação, desviamos nossos olhos para dentro da instituição. Escolhemos como primeiro tema os “Encontros de História e Saúde”. Realizado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC) durante 20 anos, a criação desse evento em 1986 foi iniciativa pioneira da instituição. Passados mais de 30 anos, julgamos importante resgatar aquele momento.

A reunião de historiadores, sociólogos e cientistas de diversas disciplinas, interessados em história, ciência e medicina, influenciou a história da saúde e das ciências, sendo fundamental para estimular as pesquisas na área, que ocupava, na conjuntura dos anos 80, um lugar acanhado nas graduações e pós-graduações de história e ciências sociais. Sem dúvida, os “encontros”, mobilizando dezenas de pesquisadores, fortaleceram a construção de diálogos e a consolidação do campo.

No Departamento de Arquivo e Documentação da COC estão guardados os registros textuais, sonoros e fotografias das mesas, palestras e debates. O 1º Encontro de História e Saúde foi realizado entre os dias 6 e 10 de outubro de 1986. Portanto, a COC não completara ainda um ano de existência e atraiu uma centena de pessoas para o campus de Manguinhos. Todos interessados em debater as recentes pesquisas.

5º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1993. Nara Azevedo, Sergio Góes, Angela Porto, Paulo Sabrosa, Jaime Benchimol, Luis Fernando Ferreira. Disponível na Base Memória Administrativa.

Durante os 8 encontros realizados entre 1986 e 2007, um universo de assuntos estiveram em pauta. Foram apresentados trabalhos sobre a história das ciências biomédicas e da saúde pública. Também foram debatidas a atuação das instituições médicas e das políticas públicas, sem esquecer a organização de documentos e a preservação do patrimônio arquitetônico e histórico. Participaram dos eventos professores e investigadores como Nara Azevedo, Sérgio Góes, Jaime Benchimol, Marli Brito, Luís Carlos Soares, Luiz Antônio de Castro Santos, Lúcia Lippi Oliveira, Heloísa Maria Bertol Domingues, Myriam Bahia, Ítalo Tronca, Edgar Leite Ferreira Neto, Cláudio Bertolli, Ana Mauad, Oswaldo Porto Rocha e tantos outros.

Inicialmente, os Encontros de História e Saúde possuíam periodicidade anual. O 2º Encontro de História e Saúde aconteceu entre os dias 5 e 9 de outubro de 1987. O 3º se realizou em outubro de 1989. As datas dos demais foram as seguintes: 4º Encontro (novembro de 1990); 5º Encontro (outubro de 1993); 6º (dezembro de 1997); 7º (agosto/setembro de 2000) e o 8º (maio de 2007). A convocação para o envio de trabalhos era realizada em âmbito nacional. Jovens mestrandos e doutorandos compareciam. Quase todos os pesquisadores da COC apresentavam textos, mas autores consagrados eram convidados.

Criada em 1986, como centro de documentação e história das ciências biomédicas e da saúde pública, a Casa de Oswaldo Cruz assumiu desde o início das atividades o compromisso com a produção e divulgação do conhecimento, a organização e guarda de acervos documentais, a restauração e preservação do núcleo arquitetônico histórico de Manguinhos. Ao longo de 36 anos, a COC identificou e organizou o acervo arquivístico institucional, as coleções bibliográficas da Fiocruz e os arquivos pessoais de intelectuais e cientistas. As atividades de pesquisa, iniciadas com projetos de história oral sobre a história da instituição e da assistência médica previdenciária, foram ampliadas para um universo rico de temas sobre a ciência e saúde. Suas atividades alcançaram maior visibilidade, especialmente com o lançamento da revista História, Ciências, Saúde — Manguinhos, além da criação dos cursos de Pós-Graduação.

Os Encontros de História e Saúde, através das conferências, mesas-redondas, comunicações, vídeos e exposições, deixaram marcas perenes e são lembrados como uma usina de ideias que influenciou o desenvolvimento da Casa de Oswaldo Cruz.

1º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1986. Paulo Gadelha, Luiz Antonio de Castro Santos e Myriam Bahia.
2º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1987. Oswaldo Porto Rocha, Ana Mauad, Italo Tronca, Luiz Fernando Fernandes.
2º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1987. Luiz Antonio de Castro Santos, Marli Brito, Luiz Fernando Ferreira, Lúcia Lippi Oliveira, Heloísa Maria Bertol Domingues, Edgard Leite Ferreira Neto
4º Encontro de História e Saúde. Novembro de 1990. Nísia Trindade Lima e Nilson do Rosário Costa
Cartaz do 1º Encontro de História e Saúde
1º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1986. Victor Hugo de Mello. Claudio Bertoli, Tania Dias Fernandes, Luís Jacintho da Silva, Istvan Van Deursen Varga, Italo Tronca.
2º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1987. Na plateia, Eduardo Thielen, Paulo Gadelha e Ricardo Augusto dos Santos.

Sobre o “Seção Memórias”

Nesta categoria disponibilizaremos postagens com destaques dos conteúdos disponibilizados na base de dados “Memória Administrativa da Fiocruz”, comentados a partir de algum tema relevante na trajetória institucional da Fiocruz e de suas Unidades! A primeira postagem será publicada aqui no dia de lançamento de nosso projeto, 06 de junho de 2022, que acontecerá ao longo do evento “Arquivo em movimento”, organizado pelo Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz, como atividade integrante da Semana Nacional de Arquivos de 2022!

Saiba mais sobre o evento de lançamento de nosso projeto no portal da Casa de Oswaldo Cruz.

Mergulhando nos Arquivos: o Fundo COC, a Base Memória Administrativa e o retorno presencial

Em primeiro lugar, vale salientar que a vida muda depois de uma pandemia. Esse trauma coletivo nos fez (e ainda faz) repensar uma série de coisas. Depois de dois anos em casa, finalmente o retorno à vida. Ando pelo campus de Manguinhos aproveitando cada minuto, apreciando cada árvore e cada som. Observo, penso e reflito sobre o valor das coisas, do privilégio de estar nessa instituição que tanto promove à ciência e, ainda, vacinado com duas doses produzidas em Bio-Manguinhos.

Trilha de acesso ao Castelo. Campus Manguinhos – RJ, 15/03/2022.
Lateral do Castelo Mourisco. Campus Manguinhos – RJ, 08/03/2022.

Divagações à parte, o trabalho na Base continua. Dessa vez, mergulhamos nos arquivos do Fundo COC à procura de documentos e itens que contem-nos mais a história da instituição e que nos sirvam de comprovações de determinados marcos institucionais. Por agora, a maioria encontrada é de documentos de referencia, convênios e algumas cartas. Encontramos também alguns regimentos e textos interessantes. Um desses textos, o Projeto Manguinhos, foi uma feliz surpresa encontrada. Embora não se encaixe em todas as medidas para os fins da base, ter em mãos um documento que conta toda a história do Campus de Manguinhos (e com tantos detalhes!) é enriquecedor. Além disso, descobri, a partir deste projeto, que Manguinhos é um importante sítio arqueológico, o que me fez pensar nas várias camadas de ocupação urbana e no tanto que já modificamos a cidade. A história, portanto, é viva. Caminhamos sobre ela, e o Arquivo é uma forma de acessar o enredo e as memórias de um determinado lugar.

Camadas da Fiocruz. Sítio Arqueológico no CDHS, Campus Manguinhos – RJ, 08/03/2022.

Sobrepusemo-nos em camadas e elas se manifestam na materialidade do espaço, nas dinâmicas intrínsecas à vida.

Com relação à busca de documentos, o próximo passo é trocar a estratégia e fazer uma busca no Arquivo Intermediário e revisitar minhas origens na Fiocruz.

Até breve!

 

Inserindo imagens das Unidades na Base!

Os trabalhos na base continuam avançando!  De modo a deixar a base visualmente mais agradável, decidimos inserir as imagens das unidades em tamanho e proporção padrão (3×4), juntamente com uma moldura em preto e branco, simples e minimalista. Dessa maneira, as imagens, na medida em que partilham da mesma identidade visual do site, parecem estar mais inseridas no “ecossistema” da base Memória Administrativa.

No caso do verbete da Casa de Oswaldo Cruz, ficou dessa maneira:

Moldura em preto e branco na imagem inserida na Base.

Para fazer isso, seguimos o seguinte passo-a-passo utilizando o programa gratuito “PhotoScape X” (disponível  para Windows e MacOS):

  1. Em primeiro lugar, abra  a imagem no programa;
  2. Sem seguida, selecione a aba “editor” e corte a imagem na proporção 3×4 utilizando a ferramenta “cortar” (localizada no canto superior direito da tela);
  3. Após isso, basta inserir a moldura clicando em  “MOLDURA > BORDAS” e selecionando a largura de 2%;
  4. Insira, primeiro, a moldura BRANCA;
  5. Clique em “MESCLAR”, localizado no canto inferior direito da tela;
  6. Insira, então, a moldura PRETA nas mesmas configurações da branca;
  7. Depois disso, a imagem está pronta e é só salvar. 😁

Caminhando pelo Brasil através da Fiocruz!

Finalizei algumas primeiras etapas, tais como inserir os itens digitalizados nas suas respectivas unidades e colocar, em cada uma delas, uma foto de capa (ou, em termos arquivísticos, vinculei um objeto digital à cada uma das unidades!). Esse processo tem sido repleto de acasos felizes e descobertas, tanto no que tange a presença da Fiocruz em minha vida e as ações dela no decorrer da história da Cidade do Rio de Janeiro e do Brasil.

Para aqueles que achavam, como eu, que as ações da Fiocruz resumiam-se ao zé gotinha, vacinas e promoção da saúde, vos digo: estávamos parcialmente certos. Estas são políticas fundamentais da instituição, mas a Fiocruz é um mundo muito além disso. Ao colocar os itens das unidades na Base Memória Administrativa, percebi o quanto a instituição se espalhou (felizmente!) pelo Brasil inteiro, e cada unidade desempenha uma função mais ou menos específica de acordo com o contexto que se insere.

Há unidades da Fiocruz na Amazônia, Mata Atlântica, Brasília, Paraná, Petrópolis etc. Algumas mais e outras menos escondidas, mas todas desempenhando importantes ações locais de promoção da saúde, desenvolvimento e inovação tecnológica, realizando pesquisas e popularizando a ciência. Realizando este trabalho na Base, viajei o Brasil inteiro através da história da instituição. Cartola disse que precisamos nos encontrar, mas acho que, nesse caso, o bom mesmo foi se perder…

Espero que a Base, quando pronta, possibilite essa mesma sensação aos seus usuários. Cada Unidade possui uma foto de capa, que colabora para um exercício imaginativo do universo físico em que os documentos se encontram. Além disso, estamos trabalhando em termos para a indexação dessas coleções, isto é, palavras-chave que consigam resumir as missões, valores e visões de cada unidade. Encontrei uma ferramenta muito útil para isso, um finder no site dos descritores em Ciência da Saúde (https://decsfinder.bvsalud.org/dmfs) e tenho contado com a ajuda primordial (Obrigado, Marise Terra!) de pessoas da Casa de Oswaldo Cruz.

A montanha mágica: iniciando um novo ciclo!

“O tempo não tem natureza própria, em absoluto. Quando nos parece longo, é longo, e quando nos parece curto, é curto, mas ninguém sabe em realidade a sua verdadeira extensão” (MANN, Thomas. A montanha mágica.)

Depois de um tempo de isolamento, reflexões e aprendizado, retorno à Fiocruz não mais como estagiário, mas, sim, como bolsista. Estes vínculos, no entanto, não se diferem apenas pelos termos gramaticais ou burocráticos. Encontro-me diferente, em um novo ciclo de vida e empenhado para realizar um novo trabalho. Agora, tendo finalizado a graduação em Ciências Sociais, curso mestrado em Antropologia e encaro novas responsabilidades e desafios. 

A Pandemia do novo Coronavírus fez com que tudo se interrompesse abruptamente. Ninguém sabia o que ia acontecer e nem por quanto tempo duraria. Deixei meu estágio na Fiocruz em um dia fatídico que mais se assemelhou a um naufrágio. Larguei tudo para trás: livros, canetas, anotações, minha caneca da COC e uma rotina organizada. O estágio passou a ser remoto, bem como a faculdade e todas as outras atividades. A vida se transformou: sai da cidade para recolher-me nas mesmas montanhas em que Hans Castorp se isolou: distante, angustiado, reflexivo e saudoso dos colegas e da rotina. Em meio ao novo normal, me formei na graduação em dezembro de 2020 e finalizei, paralelamente, meu primeiro ciclo na Fiocruz. Depois disso, foram 8 longos meses de angústias e incertezas, um tempo relativamente estranho.

A oportunidade de retorno à Fiocruz ocorreu exatamente quando iniciei o curso de Mestrado, em meados de setembro de 2021. Mesmo sendo um cético do destino, ainda acredito que, por vezes, as coisas têm seu lugar e hora para acontecer. E cá estou, iniciando este meu segundo ciclo na instituição! Sinto uma ótima sensação e honra em fazer, novamente, parte da COC. 

Desta vez o projeto será um pouco diferente: farei parte da equipe que busca implementar a Base Memória Administrativa, acervo este que buscará contar a história da instituição a partir da documentação produzida nela. Na primeira etapa, já concluída, fiz o upload dos arquivos já digitalizados e separados a partir de suas unidades produtoras. É um imenso privilégio fazer parte dessa empreitada e me deslocar para a história da instituição a partir de sua documentação. Mal vejo a hora de retornar (com os devidos cuidados e ainda respeitando as medidas de prevenção contra o Coronavírus) ao regime presencial, de ter meu tempo, novamente, preenchido com trocas humanas, longas e curtas; de entrar no Arquivo e na história tão especial da Fiocruz a partir de seu próprio ambiente, de poder recuperar minha caneca outrora deixada como símbolo de que o retorno, em algum tempo, ocorreria. Que este novo ciclo seja um tempo rápido pelo prazer naquilo que faço, e longo em sua extensão cronológica!

Nova etapa do projeto!

Depois de algum tempo sem atualizações por aqui, devido a dificuldades para continuidade das etapas previstas pelas restrições impostas pela pandemia de Covid-19, retomamos as atividades do projeto e a atualização do blog para compartilhar dúvidas, soluções e aprendizados do projeto Memória Administrativa da Fiocruz.

Depois de um ano de trabalho com a colaboração de dois bolsistas, conseguimos finalizar a customização do AtoM para a proposta de uma base de dados com verbetes sobre a trajetória das Unidades da Fiocruz, assim como iniciar a alimentação desses verbetes com informações coletadas por pesquisa no Arquivo da COC, entre outras fontes de informação mapeadas. Também uma primeira versão do texto de orientação da Metodologia foi finalizada neste primeira etapa.

Nesta nova fase contamos com um novo colaborador (bem-vindo, Gabriel! 😉 ), e a ideia agora é testar e aprimorar a metodologia criada, além de nos dedicar a ampliar a pesquisa documental e inserção de documentos no AtoM Memória. Outra meta é incorporar os mecanismos de indexação dos conteúdos, de maneira a melhor recuperar seus conteúdos. Assim poderemos, em breve, disponibilizar a versão final da metodologia aprimorada, e ampliar o convite a outros atores que possam fazer parte da alimentação descentralizada desses verbetes da Fiocruz!