Destaque

Boas-vindas

Bem-vindos ao blog do “Memória Administrativa da Fiocruz”.

Neste espaço a equipe envolvida na iniciativa pretende compartilhar sobre aprendizados e boas práticas no trabalho de desenvolvimento de uma metodologia que possibilite a criação de verbetes a respeito da trajetória da Fiocruz e de suas Unidades, com base em documentos custodiados nos Arquivos da Fiocruz, assim como em outras fontes documentais e narrativas de atores que participaram ou foram impactados pelas ações dessa instituição ao longo do tempo. Será também um espaço para trazer destaques dos conteúdos disponibilizados na base de dados “Memória Administrativa da Fiocruz“.

Memória Administrativa no 6o Fórum Fiocruz de Memória

A metodologia do Memória Administrativa da Fiocruz foi apresentada em uma oficina que compôs a programação do 6o Fórum Fiocruz de Memória (6o FOFIM), evento realizado no dia 05 de agosto de 2024, no campus sede da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro.

Na ocasião, representantes dos diferentes órgãos/escritórios/unidades da Fiocruz puderam conhecer e tirar dúvidas sobre essa metodologia, discutindo possibilidades de sua incorporação em uma rede de curadores responsáveis pela validação e ampliação de conteúdos disponíveis na base de dados do Memória Administrativa. Além disso, receberam a versão impressa da 2a edição da metodologia, cuja versão digital está disponível no Repositório Institucional da Fiocruz, Arca.

Confira a apresentação feita na ocasião: Oficina_Memoria_Administrativa_Fofim_2024

Apresentação da Metodologia Memória Administrativa durante o 6o FOFIM. Crédito foto: Aline Lacerda

2a Edição da Metodologia Memória Administrativa

Já está disponível no Repositório Institucional da Fiocruz/Arca a 2a edição da Metodologia Memória Administrativa. A nova versão passou por uma revisão e ampliação de conteúdos, bem como por editoração que buscou deixar o material mais atrativo e facilmente compreensível para os novos profissionais que pretendam compor nossa rede colaborativa para a produção e validação de verbetes sobre a trajetória de órgãos/escritórios/unidades da Fiocruz!  Confira!

 

Linguagem markdown e HTML para formatação e edição de textos no AtoM

Se você já navegou na internet, certamente já se deparou com a palavra”HTML”. Mas o que exatamente isso significa? HTML é a sigla para HyperText Markup Language, ou Linguagem de Marcação de Hipertexto, em português. Em termos simples, é a linguagem que usamos para criar páginas da web. Pense no HTML como a estrutura básica de um site, o esqueleto que dá forma ao conteúdo que vemos online.

Já temos um post aqui no blog que fala mais sobre o AtoM, a base de descrição arquivística que utilizamos no Memória Administrativa. Essa base de dados permite que a customizemos de uma forma mais “amigável”, inserindo os códigos diretamente nos campos que estamos preenchendo. No começo, pode parecer um pouco complicado, mas, com o tempo, vamos pegando o jeito e explorando um pouco mais as possibilidades.

No AtoM, é possível formatar os textos também a partir da linguagem Markdown, uma linguagem de marcação simples, não tão complexa quanto o HTML. No entanto, essa linguagem, exatamente por ser mais simples, é também mais limitada.

Vamos começar por ela!

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Alguns exemplos da linguagem Markdown que mais utilizamos no Memória Administrativa:

    1. Para alterar o tamanho do texto:
  • #Título de nível 1
  • ##Título de nível 2
  • ###Título de nível 3

2. Para dar ênfase ao texto: 

  • _itálico_
  • **Negrito**

3. Para criar uma lista:

  • Não numerada: * Texto ou – Texto
  • Numerada: 1. Texto / 2. Texto /3. Texto etc.

4. Para inserir um link: [texto do link](link)

5. Para inserir imagens:  ![Texto](link da imagem)

6. Para inserir uma divisão: ——– [inserir o travessão sequencialmente]

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Agora, vamos complexificar um pouco!

Ainda é possível inserir alguns códigos HTML diretamente nos campos de preenchimento dos verbete no AtoM. Esses códigos são mais complexos, mas nos dão mais opções de formatação. As vezes, em textos longos (como aqueles que escrevemos em páginas estáticas), é mais fácil utilizar os códigos HTML, pois eles permitem uma maior organização do conteúdo que estamos escrevendo.

Códigos HTML que utilizamos no Memória Administrativa:

1. Negrito: <b>texto</b> ou <strong>texto</strong>

2. Itálico: <i>texto</i>

3. Sublinhado: <u>texto</u>

4. Para alterar o tamanho do texto:

    • Grande: <h1>texto</h1>
    • Médio: <h2>texto</h2>
    • Pequeno: <h3>texto</h3>
    • Os comandos podem ir até <h6>, sendo esse o menor tamanho.

5. Para criar um parágrafo: <p>texto</p>

6. Para inserir um link: <a href=“digite o endereço da Web aqui”>insira o texto âncora aqui</a>

    • Obs: Para inserir um link que abra em uma nova guia: <a href=”digite o endereço da web aqui” target=”_blank”>insira o texto âncora aqui</a>

7. Para centralizar o texto na página: <center>texto</center>

8. Para inserir uma imagem nos campos de preenchimento de verbete: <img src=”digite o endereço URL da imagem aqui” alt=”Nome da imagem”>

9. Para inserir uma citação em bloco: <blockquote>texto</blockquote>

10. Para alterar a cor de uma frase ou palavra: <span style=”color: red;”>Este texto está em vermelho.</span>

Pode parecer difícil, mas é só ter calma e organização!

Exemplo de como fica o preenchimento do campo para o editor.
Exemplo de como fica o texto e a página para o usuário final.

É importante ressaltar que, a depender da versão do AtoM, alguns desses códigos podem não funcionar de forma adequada, por isso é importante manter sua versão do AtoM sempre atualizada.

Até o próximo post! 🙂

 

Cadernos de Memórias: Antecedentes da construção do CDHS

De que são feitas as conquistas institucionais? No ‘Memória Administrativa’ acreditamos que elas são feitas de sonhos, de ousadia, de oportunidades que se abrem no presente, unindo legados do passado com a imaginação do futuro. São feitas de negociações, de imprevistos, de afetos, de suor, por pessoas. Suas marcas ficam registradas em documentos, em monumentos, em mentes e em corações. Entendemos que dar visibilidade a essa trajetória tem o potencial de desnaturalizar conquistas e inspirar diferentes gerações institucionais a criarem continuamente, lançando-se aos desafios e apostas que se colocam a partir de seus próprios tempos, em atendimento às demandas da sociedade a quem instituições públicas devem servir.

Compartilhamos hoje o primeiro capítulo do “Cadernos de Memória Administrativa da Fiocruz”, publicação que pretende reunir textos, imagens, documentos e depoimentos que ajudem a compreender os diferentes elementos que sustentam uma conquista institucional. O tema desta publicação é a construção da edificação Centro de Documentação e História da Saúde, o CDHS. Convidamos você a navegar conosco nesse caminho possível para narrar a constituição de um espaço concebido para abrigar um precioso acervo sobre a história das ciências, da saúde e, claro, da própria Fiocruz, ator nacional e global dessa trajetória. O CDHS é hoje a sede da Casa de Oswaldo Cruz, mas essa conquista é de toda a Fiocruz e da sociedade brasileira, que passa a contar com uma edificação digna dos tesouros de nossa memória institucional e coletiva, refletidas em documentos que agora estão devidamente preservados, num ambiente convidativo a sua consulta!

Utilizaremos o blog do Memória Administrativa para publicar as versões preliminares dos capítulos dessa publicação, começando com o capítulo 1, “Antecedentes da Construção do CDHS”. E assim seguiremos por todos os capítulos previstos, compartilhando via blog as versões parciais dos textos que comporão a publicação final, prevista para ser lançada no início de 2025. Toda a documentação utilizada para compor essa publicação será também compartilhada em nossa Base Memória Administrativa.

Boa leitura!

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CAPÍTULO 1:
Antecedentes da Construção do Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS)

1.1 – A casa anterior dos documentos e arquivos: a “expansão” do campus

O desejo para a construção de um centro que abrigasse os acervos de forma adequada é longínquo e acompanha a história da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) desde os tempos em que parte de seus departamentos ainda ocupava o antigo prédio, “do outro lado da Brasil”, em formato de “T de perna curta”, como diria o arquiteto que o projetou, Floroaldo Albano. O prédio, localizado na outrora chamada Expansão do campus, atual campus Maré, teve sua construção iniciada em 1964, sendo planejado para abrigar um hospital ou a sede para o Ministro da Saúde no Rio de Janeiro. A conjunção alternativa “ou”, na frase anterior, já revela uma falta de definição inicial quanto ao fim específico do projeto. Tal falta de definição fez com que Floroaldo Albano projetasse algo que pudesse ser adaptado para diversos usos e com possibilidade de expansão futura. Em depoimento, Albano relata que era necessário fazer algo que “pudesse crescer depois”, e que se inspirou na arquitetura do Ministério da Saúde, em Brasília.  

Prédio da Expansão, atual campus Maré. Fonte: DAD/COC

Além da necessidade de projetar algo que servisse para diversos usos, Albano relata ainda que precisou levar em consideração as especificidades do lugar em que o prédio seria construído. Em virtude da proximidade com a Avenida Brasil e do terreno pantanoso, o arquiteto afirma que três fatores externos foram considerados para a técnica de construção: “o gás metano do pântano, do canal Faria, o gás expelido pela refinaria de Manguinhos e o CO² dos carros e dos ônibus”. Além disso, ainda ressalta que o “índice de corrosão era enorme” e, por isso, as fachadas tiveram que ser protegidas. Tais dados revelam o contexto do prédio que viria a ser ocupado futuramente pelos acervos da Casa de Oswaldo Cruz, pelos seus funcionários, pesquisadores e estudantes. Se os desafios já estavam dados no ato da construção do edifício, certamente eles não terminariam quando fosse ocupado, sobretudo pela necessidade de “adaptação” de um prédio não pensado para a guarda e acondicionamento de acervos tão valiosos.

Os contrastes, no entanto, não se limitam ao aspecto arquitetônico. Enquanto o campus Manguinhos é densamente arborizado e movimentado, tanto por pessoas quanto por edificações, transmitindo uma sensação de vivacidade com a cor verde predominante, o campus Maré apresentava, até antes da pandemia, uma atmosfera menos densa. Não havia, por exemplo, atrativos que estimulassem a visita da comunidade, como ocorre no campus de Manguinhos a partir de seus parques, conjunto arquitetônico e museus. O prédio parecia se integrar paisagisticamente mais à Avenida Brasil do que ao próprio campus da Fiocruz.

Representação do prédio em formato de “T com perna curta”. Fonte: Autores, 2024.

A descrição desse cenário permite que visualizemos o contexto em que parte dos departamentos da COC, formalizados a partir de 1989, funcionariam até a construção do Centro de Documentação em História da Saúde (CDHS/COC): Amplos corredores, que mais lembravam um hospital, longe da profícua movimentação do campus Manguinhos; em salas adaptadas, ampliadas e diminuídas quando necessário; distante da própria Direção da Casa – nos primeiros tempos, os projetos e trabalhadores da COC atuavam em salas do Castelo Mourisco e no Prédio do Relógio, tendo este último sido ocupado pela Direção até construção do CDHS; em suma, um ambiente que pouco estimulava a integração, valor tão relevante para a Fiocruz e, sobretudo, para a COC. Constituída em 1985, a COC tinha por missão coordenar atividades de recuperação da memória e pesquisa histórica referentes à Fiocruz e à Saúde no país, estabelecendo uma política para preservação documental na instituição, planos para melhor aproveitamento e valorização do complexo arquitetônico do campus de Manguinhos, bem como atividades de animação cultural para a Fiocruz.

Antes da instalação do Arquivo no prédio da então “Expansão”, algumas análises de viabilidade foram feitas. Por tratar-se de uma adequação, os sistemas de incêndio, umidade e temperatura foram, evidentemente, adaptados no prédio que não havia sido construído para abrigar um arquivo. Nara Azevedo, pesquisadora do Departamento de Pesquisa da COC (Depes/COC) e diretora durante 8 anos da Casa, afirma que a “Expansão” não possuía um sistema de segurança contra incêndio. Os acervos, por serem compostos majoritariamente de documentos em papel, eram extremamente vulneráveis a problemas como incêndios e vazamentos de água. Embora muitos investimentos tenham sido realizados, estes ainda estavam aquém do que tais arquivos mereciam para garantir uma preservação adequada por conta da limitação imposta pela estrutura do prédio. A “expansão”, nas palavras de Floroaldo Albano, era um “prédio básico”. Como, portanto, abrigar um acervo tão precioso em um prédio “básico”? 

Sala do prédio da expansão com caixas contendo documentos para guarda. Fonte: DAD/COC

A adaptação, mais uma vez, se fez necessária quando o arquivo foi, de fato, instalado no prédio no ano de 1989. Nesse processo, a organização e gestão dos acervos tornaram-se tarefas imprescindíveis para garantir a preservação e guarda adequada dos documentos. Logo no começo dos trabalhos, uma vasta massa documental foi acumulada, formando verdadeiras montanhas de livros. Foi necessário, neste sentido, uma força-tarefa dedicada exclusivamente à gestão e organização desses materiais. O prédio, com suas características “adaptáveis” e “básicas”, ganhou mais um elemento em seu interior, reforçando ao máximo a ideia de seu projeto de servir para vários usos concomitantes: as “dunas” de livros trazidos se formaram e, enfim, nas salas se materializavam verdadeiros montes de livros, onde cada incursão era uma aventura em meio às montanhas de conhecimento acumulado ao longo dos anos anteriores à existência da COC. Fernando Antonio Pires-Alves e Cristina Fonseca, pesquisadores aposentados da COC, oferecem uma ideia do que foram as “dunas”:

“Então, quando nós criamos o departamento de arquivo e documentação e que previa uma biblioteca, uma das tarefas foi vir aqui e resolver essas dunas… É, a gente chamava de dunas… ‘Ó, segunda, terça e quarta de manhã: dunas!’. E aí vínhamos todos. Posso listar, assim: eu, Wanda, Verônica, Stella, Eduardo, Ricardinho, Ana Luce… Acho que todo mundo. Marli… Vínhamos aqui e vestíamos guarda pó… Compramos estantes, achamos estantes, botamos aí em vários lugares… E fomos tirando e limpando livro. E aí aparecem os exemplares da coleção Oswaldo Cruz, coleção Carlos Chagas… autografados! Exemplares raros, belíssimos, que para uma história da saúde pública… tem um clássico, que é o “Saneamento do Brasil”, do Belisário Pena, dedicado ao Carlos Chagas com a assinatura do próprio Belisário Pena(…) Mas se existe algum sentido na palavra de resgate da memória, esse aí foi um típico resgate, mesmo. Foi uma intervenção para sanear um equívoco, um descuido, uma coisa… impensável, né? Imaginar que a Fiocruz, àquela altura, estava tratando suas obras, suas coleções de livros dessa maneira… Impensável… Mas tudo isso são processos…” (Depoimento de Pires-Alves, 2015)
“Dunas” de livros no prédio da expansão. Fonte: DAD/COC
“Tinha muita coisa, muito livro antigo, num porão no Castelo. E essas coisas todas, quando a gente veio pra cá, em janeiro começou a mudança, a gente começou um processo de trazer essa documentação toda pra cá também (…) Porque o que que isso vai virar? Isso dá início a nossa biblioteca (…) Muita coisa que é obra rara que hoje já voltou pro Castelo, pra Biblioteca de Obras Raras, entendeu. Mas isso tudo durante anos e anos e anos estava lá abandonado, ninguém nem sabia da existência disso nem estava muito preocupado com aquilo. (…) Então você tinha um monte de coisas que a gente ficou insegura, então eu e Lisabel a gente teve que chamar um pessoal, uma equipe de engenheiros da COOPE, pra poder fazer todo um estudo do prédio, avaliar se o prédio tinha condições de receber, né, estantes, pesos, livros, entendeu. Aí depois que isso tudo foi… se deu ok pra isso tudo, com laudo e com tudo, que deve estar arquivado em algum lugar, aí a gente trouxe as famosas dunas pra cá. E aí começamos esse trabalho, que eu tô falando que foi muito legal. Mas aí a gente tinha que fazer tudo. A gente fez tudo. A gente limpou chão, limpou janela, montou estante, pra poder começar a organizar os livros, entendeu. Então isso durou meses. Aí a gente tomava banho aqui. Outro dia estava lembrando disso, quer dizer, você tinha que botar roupão, máscara, luvas, porque era um monte de livro guardado há duzentos anos. Aí no final do dia nos banheiros tinha chuveiro, e a gente tomava banho. [risos]” (Depoimento de Fonseca, 2015)

Com a instalação do acervo e dos departamentos de Pesquisa e de Arquivo e Documentação da COC no prédio da expansão, os trabalhos se iniciaram e começaram a ganhar forma. As organizações foram feitas, os documentos foram devidamente classificados e acondicionados, e a expansão foi testemunha de novas conquistas celebradas ao longo do tempo, como a criação da Biblioteca de História de Ciências e da Saúde, a criação de uma Pós-Graduacão em História das Ciências e da Saúde, a formalização de um “Núcleo de Informação em História das Ciências e da Saúde” e a abertura de uma sala de consulta para a pesquisa e atendimento ao público em 1999.  A Casa de Oswaldo Cruz se materializava em meio ao trabalho árduo e à valorização da memória e se tornava, portanto, um santuário de memórias e sonhos onde o tempo, a partir de seus registros documentais, iconográficos e sonoros, repousa em cada canto; um refúgio de afetos e conquistas, onde as histórias de vidas, passadas e presentes, se entrelaçam em grande fotograma de experiências humanas. Diz Hans Castorp, protagonista de “A montanha mágica”, que o tempo progride e presentifica transformações.

Trabalho no prédio da Expansão. Fonte: DAD/COC

Com o passar do tempo, a vontade e o desejo de possuir um espaço pensado especificamente para a guarda e a preservação dos acervos foi se consolidando e se constituindo como um desafio. Pensar em um prédio, um “centro de documentação”, com uma estrutura adequada seria completamente diferente de ocupar um prédio “adaptado” para esse fim. O Centro de Documentação e História da Saúde – CDHS, ainda enquanto um projeto, nasce com o objetivo precípuo de abrigar de forma mais adequada os acervos. O prédio da expansão, durante os anos em que a Casa esteve lá, havia chegado no limite em relação a capacidade de manter o acervo histórico. 

Nara Azevedo, durante o período em que esteve na Direção da COC – 2005 a 2013 –, revela que a construção do CDHS foi o projeto mais desafiante que enfrentou, e que foi necessário conquistar os “corações e as mentes” das pessoas. Não por acaso, a menção ao “coração” e a “mente” revela categorias importantes para a consolidação do projeto: é preciso racionalidade para operacionalizar a construção de um prédio em um campus que já estava saturado do ponto de vista de novas construções; mas, mais do que isso, é preciso afeto e amor pelo trabalho, pela instituição e pela preservação da história e da memória da saúde pública brasileira:

“Eu tive a felicidade de contar com pessoas…. não somente as que estavam me cercando, mas também outras pessoas que acreditaram. Eles acreditaram que isso era possível. Sozinha eu não faria nada e eu sabia disso. Alguém que se coloca numa posição como essa, você já sabe que não vai conseguir fazer nada sozinho. Os projetos podem nascer de uma pessoa, mas na verdade eles se tornarão realidade se conseguirem conquistar os corações e as mentes das outras pessoas” (Depoimento de Azevedo, 2021)

A construção do novo centro, evidentemente, enfrentou diversos desafios. Os diretores Nara Azevedo e Paulo Roberto Elian, em depoimento, afirmam que precisaram realizar um trabalho essencial de convencimento das pessoas e esclarecer que não haveria uma “outra” Casa de Oswaldo Cruz separada do Centro de Documentação. Outra preocupação, na época, era de que a Direção deixaria o Prédio do Relógio – edifício histórico que integra o Núcleo arquitetônico de Manguinhos. Este local, onde a Direção atuou por muitos anos, foi fundamental para consolidar a identidade visual e simbólica da Casa. “No imaginário das pessoas”, diz Paulo, “o prédio do relógio era sinônimo da Casa de Oswaldo Cruz.” No trabalho de convencimento, foi preciso reafirmar que o prédio do relógio não deixaria de ser da Casa, mas que serviria a outros fins. 

Em 2012, é lançada a pedra fundamental – primeiro bloco de pedra que é colocado em cima da fundação de uma construção – do Centro de Documentação e História da Saúde. Em 2018, o prédio é inaugurado, marcando a concretização de um sonho e uma nova etapa da Casa. O CDHS é, portanto, uma manifestação da crença compartilhada, do amor, do afeto, dos “corações e mentes” que acreditaram na possibilidade de sua existência. Ganha a Casa de Oswaldo Cruz, a Fiocruz, a sociedade e a Ciência Brasileira.

Arquivo no prédio da Expansão, atual campus Maré. Fonte: DAD/COC

Gostaram da leitura? Na próxima publicação parcial da “Cadernos”, veremos mais sobre os antecedentes da construção do CDHS: de onde partiram os recursos para a construção, premiação recebida, surpresas no caminho com os achados arqueológicos… Não se esqueçam de colaborar conosco via formulário de colaborações. Até a próxima!


Referências

ALBANO, Floroaldo. Depoimento [2000]. Rio de Janeiro, COC/Fiocruz, 2000. Disponível no DAD/COC

AZEVEDO, Nara. Depoimento [2021]. Rio de Janeiro, COC/Fiocruz, 2021. Disponível no DAD/COC

FONSECA, Maria Cristina Oliveira. Depoimento [2015]. Entrevistadora: Érica de Castro Loureiro. Rio de Janeiro, 2015. Disponível no Memória Administrativa da Fiocruz.

OLIVEIRA, Benedito Tadeu (coord.), COSTA, Renato da Gama-Rosa; PESSOA, Alexandre José de Sousa. Um lugar para a ciência: a formação do campus da Manguinhos. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.

PIRES-ALVES, Fernando. Depoimento [2015]. Entrevistadora: Érica de Castro Loureiro. Rio de Janeiro, 2015. Disponível no Memória Administrativa da Fiocruz.

PORTAL Memória Administrativa da Fiocruz. Disponível em: https://memoria.coc.fiocruz.br/index.php/

SANTO, Paulo Roberto Elian dos. Depoimento [2021]. Rio de Janeiro, COC/Fiocruz, 2021. Disponível no DAD/COC

A VIII Conferência Nacional de Saúde

Por Ricardo Augusto dos Santos

Público presente no Ginásio de Esportes de Brasília durante a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, em março de 1986. Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz.

Será difícil imaginar, mas até 1988, parcelas significativas da sociedade brasileira não possuíam nenhuma assistência médica pública. Mas, isso mudaria. Na segunda metade da década, correntes políticas de oposição à ditadura militar-civil se organizaram e, pela primeira vez na história republicana brasileira, a participação popular foi decisiva na elaboração de uma Constituição. Ideias e planos eram enviados à Assembleia Nacional Constituinte, produzindo uma experiência inédita: a presença popular efetiva na formulação de políticas. Por meio dos projetos, os cidadãos cooperaram na preparação da Carta Constitucional. Entretanto, antes da Assembleia que promulgou a Constituição Cidadã, um outro evento também contou com ampla expressão democrática. Quase uma Pré-Constituinte da saúde.

Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz. A VIII Conferência contou com a presença de mais de quatro mil pessoas.

A VIII Conferência Nacional de Saúde foi convocada pelo decreto 91.466, de 23 de julho de 1985, que marcou sua realização entre 2 e 6 de dezembro de 1985, em Brasília, sob o patrocínio do Ministério da Saúde. Entretanto, o decreto 91.874, de 4 de dezembro de 1985, transferiu o evento para o período de 17 a 21 de março de 1986.

Em 19 de agosto de 1985, o ministro da Saúde Carlos Sant’Anna formou a comissão organizadora da VIII Conferência, constituída por representantes de diversas associações, intelectuais, parlamentares e trabalhadores de saúde. Presidindo a comissão, o médico sanitarista Antônio Sérgio da Silva Arouca, presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Em novembro de 1985, o relatório da comissão determinou que a VIII CNS teria como propósito submeter orientações sobre saúde pública junto à Assembleia Nacional Constituinte.

Sessão solene da VIII Conferência Nacional de Saúde. Da esquerda para a direita, o ministro da Saúde, Roberto Figueira dos Santos, o presidente da República, José Sarney, e o presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Sérgio Arouca. Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz.

As sugestões da VIII Conferência podem ser agrupadas nos seguintes eixos: a saúde como direito inerente à cidadania; a reforma do sistema nacional de saúde, de acordo com os princípios de descentralização e universalização dos atendimentos; alteração das responsabilidades das unidades políticas (União, estados e municípios) na prestação dos serviços de saúde.

A principal conquista da VIII Conferência foi a elaboração do Sistema Único de Saúde. O SUS unificou as políticas governamentais, desvinculando a assistência médica do campo da previdência social, priorizando o setor público e universalizando o atendimento.

Conduzindo os trabalhos, da esquerda para a direita, Arlindo Fábio Gómez de Souza(1º), Sergio Arouca(3º), Ary Carvalho de Miranda(4º). Março de 1986. Brasília. Fundo VIII Conferência Nacional de Saúde/Casa de Oswaldo Cruz.

As propostas da VIII Conferência Nacional de Saúde foram aprovadas na Constituição de 1988. Todas as recomendações haviam sido fortemente debatidas em centenas de reuniões preparatórias realizadas nos estados e municípios. O Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz guarda a documentação da VIII CNS, com documentos textuais e iconográficos, além de fitas sonoras e de vídeo.

Também estão sob a guarda da COC, os documentos da Comissão Nacional da Reforma Sanitária que funcionou de agosto de 1986 a maio de 1987. Criada através de portaria interministerial, os ministros da Educação, da Saúde e da Previdência e Assistência Social, constituíram a Comissão Nacional da Reforma Sanitária (CNRS), uma das principais recomendações aprovadas pela plenária final da VIII Conferência Nacional de Saúde.

 

Retornando às origens: o Arquivo Intermediário e a Base Memória Administrativa

Antes de iniciarmos esse post, uma breve nota:

Documentos de Arquivo possuem 3 fases. São elas:  Corrente (ou primeira fase, fase de produção); a fase intermediária (constituída de documentos que não estão mais em uso corrente, ou seja, um arquivamento provisório até que seja dada a destinação do documento – eliminação ou Acervo Permanente) e, por último, a fase permanente (constituída de documentos oficiais, de uso não-corrente, devidamente organizados e conservados).

Agora, sim, ao relato arquivístico-pessoal-devaneio:

Acho que já mencionei outrora aqui no blog que, antes de tornar-me bolsista, era estagiário da instituição. Pois bem: cheguei, inicialmente, em meados de 2019 no Arquivo Intermediário. Minha primeira aventura.

Vindo das Ciências Sociais, precisei me organizar para compreender tudo aquilo que estava fazendo. Me joguei em leituras técnicas sobre Arquivo e, também, em textos que exploravam as interseções entre Arquivo e Ciências Sociais (que, a propósito, são muitas). Além disso, preciso dizer também que quase decorei inúmeros códigos da tabela de temporalidade de Documentos de Arquivo da Fundação. Com isso, acho que fui, aos poucos, desenvolvendo uma visão mais geral do Arquivo e percebendo quais eram as possibilidades ali. Hoje percebo que eu próprio era uma espécie de Arquivo Intermediário: um estagiário que ainda não sabia muito bem para onde estava indo, com um prazo máximo que não poderia ultrapassar 2 anos na instituição e com uma relação (ainda) transitória.

Pós pandemia e já realizando mestrado, retornei à Instituição e comecei a pesquisar o Arquivo Permanente (o Fundo COC, tema de outro post aqui do Blog). A equipe se dedicou à olhar todas as caixas que já haviam passado pelo processo de higienização e, após isso, fizemos a digitalização dos documentos de interesse para inseri-los na Base.

Terminada essa parte, retornei ao Arquivo Intermediário em busca de documentos que também seriam interessantes para a Base. E essa revisita, vale dizer, foi em vários aspectos: Retornei ao prédio da expansão, ao 6º andar (agora vazio, pois a mudança do Departamento já havia sido feita para o CDHS). Ouvi, novamente, o som do corredor (sim, o corredor do prédio, em virtude dos alarmes de incêndio, possui um som muito característico) e andei, novamente, nos elevadores que me faziam questionar todos os dias se não era melhor abandonar meu sedentarismo e optar por uma vida com hábitos mais saudáveis.

Vista do 6º andar do prédio da expansão. Fonte: Autor/2022.

E foi um feliz reencontro: deparei-me com documentos interessantes nas caixas do Arquivo Intermediário, inúmeros cartazes de eventos, uma caixa somente com Portarias e Atos da Presidência e, também, etiquetas com a minha letra e de uma amiga, há época, também estagiária. Inevitavelmente, deixamos nossa marca, e isso me fez refletir que o Arquivo, na medida em que é feito por pessoas (em todas as suas instâncias, desde sua produção até sua destinação) conta um pouco daqueles que por ali passaram.

Em algumas circunstâncias, encontramos documentos com anotações, juntos de determinados objetos (as vezes, um crachá, uma fotografia…). Esses elementos representam uma história daqueles que fizeram parte do processo. A própria forma como os documentos foram separados (apesar, evidentemente, do aspecto técnico que orienta essa organização), destaca um aspecto subjetivo do Arquivo: alguns documentos, claramente, parecem ter sido mais usados; alguns possuem a etiqueta de “urgente” (mesmo quando se tratando de distribuição de marmitas entre funcionários); alguns possuem desenhos (como uma flor, encontrada no meio de uma documento de reunião); alguns possuem frases soltas escritas à mão com conteúdos, aparentemente, não conectados com o texto do documento.

Através destes vestígios deixados no próprio Arquivo (lá vem a parte do devaneio…) podemos refletir sobre uma série de coisas: de que se tratava a reunião cuja flor foi desenhada? Era tédio ou um acesso de criatividade em meio as discussões? Sem falar em determinadas mensagens afetuosas escritas à mão em meio à documentos formais, demonstrando a síntese entre o racional e o emocional.

Crachá de evento realizado na Fiocruz para discutir reformas e modernização. Fonte: Acervo COC.

Os exemplos são muitos, e a conclusão é de que, como nos diz Fernando Pessoa, embora haja a organização prática, há que contar com o inesperado e o indefinido da vida, o lado subjetivo e abstrato próprio da mente humana que se manifesta na materialidade das coisas.

Até próxima postagem!

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Referências: PAES, Mariana Leite. Arquivo: teoria e prática. 4 Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

Seção “Memórias”: Os Encontros de História e Saúde

Por Ricardo Augusto dos Santos

Inaugurando um novo espaço de divulgação, desviamos nossos olhos para dentro da instituição. Escolhemos como primeiro tema os “Encontros de História e Saúde”. Realizado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC) durante 20 anos, a criação desse evento em 1986 foi iniciativa pioneira da instituição. Passados mais de 30 anos, julgamos importante resgatar aquele momento.

A reunião de historiadores, sociólogos e cientistas de diversas disciplinas, interessados em história, ciência e medicina, influenciou a história da saúde e das ciências, sendo fundamental para estimular as pesquisas na área, que ocupava, na conjuntura dos anos 80, um lugar acanhado nas graduações e pós-graduações de história e ciências sociais. Sem dúvida, os “encontros”, mobilizando dezenas de pesquisadores, fortaleceram a construção de diálogos e a consolidação do campo.

No Departamento de Arquivo e Documentação da COC estão guardados os registros textuais, sonoros e fotografias das mesas, palestras e debates. O 1º Encontro de História e Saúde foi realizado entre os dias 6 e 10 de outubro de 1986. Portanto, a COC não completara ainda um ano de existência e atraiu uma centena de pessoas para o campus de Manguinhos. Todos interessados em debater as recentes pesquisas.

5º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1993. Nara Azevedo, Sergio Góes, Angela Porto, Paulo Sabrosa, Jaime Benchimol, Luis Fernando Ferreira. Disponível na Base Memória Administrativa.

Durante os 8 encontros realizados entre 1986 e 2007, um universo de assuntos estiveram em pauta. Foram apresentados trabalhos sobre a história das ciências biomédicas e da saúde pública. Também foram debatidas a atuação das instituições médicas e das políticas públicas, sem esquecer a organização de documentos e a preservação do patrimônio arquitetônico e histórico. Participaram dos eventos professores e investigadores como Nara Azevedo, Sérgio Góes, Jaime Benchimol, Marli Brito, Luís Carlos Soares, Luiz Antônio de Castro Santos, Lúcia Lippi Oliveira, Heloísa Maria Bertol Domingues, Myriam Bahia, Ítalo Tronca, Edgar Leite Ferreira Neto, Cláudio Bertolli, Ana Mauad, Oswaldo Porto Rocha e tantos outros.

Inicialmente, os Encontros de História e Saúde possuíam periodicidade anual. O 2º Encontro de História e Saúde aconteceu entre os dias 5 e 9 de outubro de 1987. O 3º se realizou em outubro de 1989. As datas dos demais foram as seguintes: 4º Encontro (novembro de 1990); 5º Encontro (outubro de 1993); 6º (dezembro de 1997); 7º (agosto/setembro de 2000) e o 8º (maio de 2007). A convocação para o envio de trabalhos era realizada em âmbito nacional. Jovens mestrandos e doutorandos compareciam. Quase todos os pesquisadores da COC apresentavam textos, mas autores consagrados eram convidados.

Criada em 1986, como centro de documentação e história das ciências biomédicas e da saúde pública, a Casa de Oswaldo Cruz assumiu desde o início das atividades o compromisso com a produção e divulgação do conhecimento, a organização e guarda de acervos documentais, a restauração e preservação do núcleo arquitetônico histórico de Manguinhos. Ao longo de 36 anos, a COC identificou e organizou o acervo arquivístico institucional, as coleções bibliográficas da Fiocruz e os arquivos pessoais de intelectuais e cientistas. As atividades de pesquisa, iniciadas com projetos de história oral sobre a história da instituição e da assistência médica previdenciária, foram ampliadas para um universo rico de temas sobre a ciência e saúde. Suas atividades alcançaram maior visibilidade, especialmente com o lançamento da revista História, Ciências, Saúde — Manguinhos, além da criação dos cursos de Pós-Graduação.

Os Encontros de História e Saúde, através das conferências, mesas-redondas, comunicações, vídeos e exposições, deixaram marcas perenes e são lembrados como uma usina de ideias que influenciou o desenvolvimento da Casa de Oswaldo Cruz.

1º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1986. Paulo Gadelha, Luiz Antonio de Castro Santos e Myriam Bahia.
2º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1987. Oswaldo Porto Rocha, Ana Mauad, Italo Tronca, Luiz Fernando Fernandes.
2º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1987. Luiz Antonio de Castro Santos, Marli Brito, Luiz Fernando Ferreira, Lúcia Lippi Oliveira, Heloísa Maria Bertol Domingues, Edgard Leite Ferreira Neto
4º Encontro de História e Saúde. Novembro de 1990. Nísia Trindade Lima e Nilson do Rosário Costa
Cartaz do 1º Encontro de História e Saúde
1º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1986. Victor Hugo de Mello. Claudio Bertoli, Tania Dias Fernandes, Luís Jacintho da Silva, Istvan Van Deursen Varga, Italo Tronca.
2º Encontro de História e Saúde. Outubro de 1987. Na plateia, Eduardo Thielen, Paulo Gadelha e Ricardo Augusto dos Santos.

Versão navegável da Metodologia Memória Administrativa

A 1a versão da metodologia que orienta a produção e disponibilização de verbetes na base de dados Memória Administrativa está depositada no Arca, Repositório Institucional da Fiocruz, e pode ser acessada no seguinte link.

Aqui no blog disponibilizamos uma versão navegável da mesma, por meio do menu “Metodologia”, separado pelas seguintes seções:

Sobre a Metodologia

Utilização e Adaptações do AtoM

Orientações para alimentação de verbetes

Utilização da Linha do Tempo

Indexação

Sobre o “Seção Memórias”

Nesta categoria disponibilizaremos postagens com destaques dos conteúdos disponibilizados na base de dados “Memória Administrativa da Fiocruz”, comentados a partir de algum tema relevante na trajetória institucional da Fiocruz e de suas Unidades! A primeira postagem será publicada aqui no dia de lançamento de nosso projeto, 06 de junho de 2022, que acontecerá ao longo do evento “Arquivo em movimento”, organizado pelo Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz, como atividade integrante da Semana Nacional de Arquivos de 2022!

Saiba mais sobre o evento de lançamento de nosso projeto no portal da Casa de Oswaldo Cruz.

Mergulhando nos Arquivos: o Fundo COC, a Base Memória Administrativa e o retorno presencial

Em primeiro lugar, vale salientar que a vida muda depois de uma pandemia. Esse trauma coletivo nos fez (e ainda faz) repensar uma série de coisas. Depois de dois anos em casa, finalmente o retorno à vida. Ando pelo campus de Manguinhos aproveitando cada minuto, apreciando cada árvore e cada som. Observo, penso e reflito sobre o valor das coisas, do privilégio de estar nessa instituição que tanto promove à ciência e, ainda, vacinado com duas doses produzidas em Bio-Manguinhos.

Trilha de acesso ao Castelo. Campus Manguinhos – RJ, 15/03/2022.
Lateral do Castelo Mourisco. Campus Manguinhos – RJ, 08/03/2022.

Divagações à parte, o trabalho na Base continua. Dessa vez, mergulhamos nos arquivos do Fundo COC à procura de documentos e itens que contem-nos mais a história da instituição e que nos sirvam de comprovações de determinados marcos institucionais. Por agora, a maioria encontrada é de documentos de referencia, convênios e algumas cartas. Encontramos também alguns regimentos e textos interessantes. Um desses textos, o Projeto Manguinhos, foi uma feliz surpresa encontrada. Embora não se encaixe em todas as medidas para os fins da base, ter em mãos um documento que conta toda a história do Campus de Manguinhos (e com tantos detalhes!) é enriquecedor. Além disso, descobri, a partir deste projeto, que Manguinhos é um importante sítio arqueológico, o que me fez pensar nas várias camadas de ocupação urbana e no tanto que já modificamos a cidade. A história, portanto, é viva. Caminhamos sobre ela, e o Arquivo é uma forma de acessar o enredo e as memórias de um determinado lugar.

Camadas da Fiocruz. Sítio Arqueológico no CDHS, Campus Manguinhos – RJ, 08/03/2022.

Sobrepusemo-nos em camadas e elas se manifestam na materialidade do espaço, nas dinâmicas intrínsecas à vida.

Com relação à busca de documentos, o próximo passo é trocar a estratégia e fazer uma busca no Arquivo Intermediário e revisitar minhas origens na Fiocruz.

Até breve!